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O Futuro da Energia Solar é Hoje
O Frederik Eistrup, da Rede de Cidadania de Montemor-o-Novo, escreveu na última Folha de Montemor (Novembro de 2020) um texto em defesa da energia solar fotovoltáica. Reproduzimo-lo abaixo para quem o quiser ler. Obrigado ao Frederik e à Folha pela disponibilidade.
A energia solar fotovoltáica começou como um sonho distante quando se descobriu, em meados do século passado, que era possível gerar cargas eléctricas a partir da absorção de luz solar num determinado material semicondutor – o silício.
Do sonho passou-se à investigação científica (com investimento de fundos públicos), procurando aperfeiçoar a tecnologia, visando aumentar a eficiência com que se converte a energia solar em energia eléctrica e reduzir custos de produção dos painéis. O objectivo é reduzir o custo por unidade de energia (por exemplo, €/kWh), ou seja, produzir mais por menos.
Na competição com outras fontes de energia, quer combustíveis fósseis (na comparação tradicional), quer com outras fonte renováveis, a energia solar fotovoltáica só pode vencer se esse custo (€/kWh) for inferior às alternativas.
As décadas e muitos biliões monetários investidos na investigação começaram a dar frutos quando empresas tecnológicas puderam pegar na tecnologia disponibilizada e simplesmente reproduzi-la em massa, tirando partido da escalabilidade da indústria para baixar ainda mais o custo de produção de energia.
Actualmente o silício continua a ser o “rei” nos materiais fotovoltaicos mas muitas tecnologias e materiais alternativos emergem da investigação para substituir ou complementar a tecnologia dominante.
Existem contudo aspectos deficitários ligados a esta tecnologia, nomeadamente o desfasamento entre o pico de produção (meio do dia) e os picos de consumo domésticos (início e final do dia) ou por exemplo a fragilidade perante condições climatéricas (dias enublados). Porém, são obstáculos a ultrapassar com a complementaridade de outras tecnologias (renováveis, deixando fontes fósseis para último recurso) e com o investimento e desenvolvimento em tecnologias de armazenamento, área em que a investigação científica publicamente financiada, está a contribuir (mais uma vez) e ainda promete muita evolução.
Em Portugal, a instalação de painéis fotovoltaicos esteve durante muito tempo limitada a projectos singulares e localizados, com crescimento lento e restringido pela baixa rentabilidade e pelo status quo das tecnologias dominantes.
Hoje em dia, é por razões puramente económicas que assistimos a um boom de projectos solares em Portugal. Este crescimento foi acelerado pela abertura do mercado da rede energética com leilões de quotas (de potência solar) nos últimos 2 anos, em que a concorrência agressiva leva a baixa dos preços de venda – beneficiando consequentemente os consumidores.
A energia fotovoltáica já não é um sonho distante ou uma alternativa escolhida por idealistas. Já não é apenas uma opção ecológica ou ambientalista. Muito menos é um movimento politicamente correcto, e já nem sequer existem subsídios para sustentar investimentos lucrativos. Sendo actualmente a fonte de energia mais barata e abundante, pelo menos em países como o nosso, é a escolha mais inteligente duma perspectiva puramente económica.
24 Outubro 2020, Montemor-o-Novo
Frederik Eistrup
Webinar ‘Como transitar para um modelo de economia circular?’
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